Mineiro não perde o hábito de achar que o estrangeiro é sempre portador da verdade, mesmo que ela não se confirme. Na semana passada o “mago” da mobilidade urbana, o paranaense – ex-prefeito de Curitiba – Jaime Lerner, veio a BH a convite da PBH, dizer o que estava “programado”, e não o que é necessário que se diga sobre transporte coletivo. Evidente que o pai da ideia jamais será contra ela, mesmo que ela não se aplique a todas as cidade onde está sendo implantado o BRT. Não é por acaso que foram feitos tantos elogios para o projeto em BH. O Idealizador e defensor do modelo que se tornou referência em mobilidade não só dentro do Brasil, mas fora, o BRT serve a muitas cidades e com sucesso, inclusive Seul, que é o melhor exemplo de mobilidade urbana do mundo. Mas com diferenças substanciais de BH.
Trata-se de um dos modais de transporte de massa mais baratos e rápidos de serem construídos. Porém, em BH não é o mais recomendável, em virtude do traçado da cidade, e da largura das avenidas que são estreitas e com topografia acidentada (traçado ortogonal). Basta ver o espaço que o BRT tomou nos dois corredores, roubando dos veículos, um espaço precioso. Com efeito, ele deveria ficar restrito aos corredores Antonio Carlos e Cristiano Machado. Tentar implanta-lo em outros corredores como Av. Amazonas, Via Expressa, Anel Rodoviário, Av. Andradas, Av. Contorno e outras seria uma ação temerária. Porém, a cidade corre o risco de assistir a idéia estapafúrdia virar realidade. Isso por que o BRT não vem só para atender a população, mas para dar continuidade a uma concessão, feita por licitação, aos empresários dos ônibus. Direito legítimo que deve ser exercido, mas que não pode ser o norteador das ações de mobilidade urbana no quesito modais de transporte público.
O modelo mais apropriado para os corredores Amazonas, Via expressa, Andradas, Pedro II, Contorno, Catalão, NSra. do Carmo, Raja Gabaglia, continua sendo o Monotrilho, (unanimidade para o corpo de engenheiros especialistas em transporte de todas universidades, CREA, SME, ACMinas, Fiemg e outras entidades preocupadas com a questão da mobilidade na RMBH). Isso por que ele consome apenas 2 metros de largura nos canteiros centrais de vias saturadas e demandadas por carros. O Monotrilho é construído suspenso por colunas de 15 metros de altura e 30 metros de comprimento com capacidade de inclinação de até 8%, e o mais importante, ele transporta hoje 48 mil passageiros hora sentido e pode ser concluído em tempo 4 vezes mais rápido do que o metrô, com custo 3 vezes menor do que este.
A solução está sendo adotada por varias cidades, inclusive São Paulo, Montreal, Mumbai, Nova Deli e várias cidades Norte Americanas. Persistir na ideia de BRT em corredores de avenidas estreitas, pode significar retrocesso e não avanço. Se não bastasse, o projeto BRT ainda carece de ajustes que permita estacionamentos nas imediações das estações de baldeações. Além de carroceria adaptadas para os ônibus que farão a alimentação do BTR nos corredores principais, que ofereçam conforto e mobilidade. (carrocerias menores, que sejam capazes de subir morros em ruas estreitas). O modal sozinho, não será atrativo suficiente para motoristas deixarem veículos em casa e tornarem-se passageiros em uma cidade quente e de topografia acidentada como BH. Fica o alerta para quem tem liberdade de expressão: Jaime Lerner é supeito para falar de BRT em uma cidade como BH.
José Aparecido Ribeiro
Consultor em Mobilidade e Assuntos Urbanos
Presidente do CEPU ACMinas
ONG SOS Mobilidade Urbana
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